quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Caos Sentimental

... Até que finalmente vem a luz; ofuscante. Libertando-me da teia e me mostrando a verdade. Brilhante... Segundos iluminados me mostram coisas alternativas. Outras galáxias... Outras dimensões. Mas isso não é suficiente. Não enquanto eu permanecer imóvel. Colhendo apenas restos de um longo e farto plantio.


E então vem o ódio; frio. E nele eu imagino coisas horríveis e, inevitavelmente, eu também faço algumas dessas coisas. E com toda essa frieza e crueldade em meu ser, eu ainda me sinto vazio... Incompleto. E nesse poço de ferrugem, eu fico imperceptível... Avançando por muitas luas sem partir, enquanto os outros se vão... Enquanto tudo e todos se apagam sem nem mostrarem sua luz... Sem nem se mostrarem.


E então vem a loucura; caótica e instável. E nela eu grito com a voz insana, espalhando, assim, um pouco da instabilidade que há em mim. E também infectar a ordem com o caos e destruir os comandos mundiais. Mas, mesmo com isso, eu continuo imperceptível... Continuo no vácuo da película.


E então vem a tristeza; cinzenta. E tudo para por um segundo, me fazendo ver de novo a verdade. E, com os olhos da insanidade, eu percebo a chave do Todo. E com esta chave eu destranco a caixa maldita e mergulho em seus segredos.


E então vem a utopia; hipnotizante. E nela eu percorro até os primórdios dos tempos, desde a criação até a destruição. Mas, mesmo em estado de transe, eu me confundo com tais revelações. E nesses vai e vem de pensamentos eu percebo o vazio... Um vazio que sempre tive.


E então, vem o paradoxo; multiforme. E nele tudo se contradiz e a verdade se confunde na teia. E em meio esse caos sentimental, o vazio me corrompe e a imperceptibilidade me destrói, me deixando assim... Inexistente e imaterial. Percorrendo no todo e coexistindo no nada...


... Até que finalmente vem a luz.


Fim.

Por Luis.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Any

É... É assim que eu sempre fico; distante... De fato, suavemente incompleto. Vivendo sempre nessa realidade que eu construí. E então... cercado de minha própria ilusão, eu me deparo com Any em seu vestido de anéis cintilantes e, novamente, tenho outro colapso mental. Relaxem. Isso só acontece quando estou nervoso... O ódio é algo que enigmaticamente passou a me completar.

Como sempre, eu me vejo distante. Escondido em minha pequena casa dos segredos, eu fico escrevendo minhas profecias e enigmas. Para assim, tentar confundir o véu de ignorância que cobre nossas cabeças. E quando olho pela janela, vejo os que foram deixados para trás. E começo a meditar sobre os sentimentos obscuros do mundo e vejo, então, a esperança se extinguir.

É... São nessas horas que me vem a dor. E são nessas horas que a dama do vestido de anéis vem a minha presença... Sim, é Any. Aquela que sempre vem à mim em horas de dor. Horas de decadência interior. E quando a dor finalmente passa, eu me lembro de como éramos felizes. De quando podíamos rir...

Mas por quê? Por que Any só vem à mim para me atormentar? Eu sempre a quis tanto... Será que existe uma cura pra isso? Ou será que isso é um jogo criado pela minha mente ignorante e cega? Não posso mais suportar... E seja lá o que for, aí vem a dor novamente. E Any está aqui; atormentando-me com seus jogos de ilusão e fraqueza. Ah Any... Como eu a quero para mim... Só para mim.

E assim, eu fico distante. Suavemente incompleto... Em minha pequena casa dos segredos. Lembrando nossas últimas palavras, e refletindo sobre nossa separação. E mesmo sendo seguido por sua alucinação, eu ainda a desejo... E ao mesmo tempo eu a odeio.

Eu me lembro de quando estávamos deitados juntos. Eu lhe dizia: Vamos lá.; descanse. Ela sabia, mesmo eu não dizendo nada, que estava presa a nós. Que estava presa a mim. E que eu não a deixaria ir. Fui egoísta para com ela... Agora, mesmo sendo atormentado por sua imagem, eu jamais quereria perdê-la novamente. Você está tão abstrata... E ao mesmo tempo tão sublime, que mesmo querendo me livrar de todo esse sofrimento, eu não posso deixar de querê-la.

É, eu sei. Estou trancado em você. E sei também, que posso dizer que você é minha, e que mesmo você estando além de mim, eu posso tocar sue rosto. Sua essência...

Mas nem tudo tem um final feliz. Como eu não queria me lembrar da nossa separação... O que eu mais temia estava acontecendo, estávamos nos afastando. Eu gritei desesperadamente: Acorde! Mas ela não se movia... Eu a via estar a tanto tempo daquele jeito, que toda a sua essência estava exposta no chão. E sua pele, que era quente e salubre, estava agora fria e sem coloração que eu pudesse distinguir.

Any... Você se foi... Mas mesmo assim, você ainda vem à mim. Somente para brincar com meus pensamentos. Para tecer sua teia de ignorância e ilusão sobre minha mente. Distante... Escondido em minha casa dos segredos, eu prevejo o fim. É... Está acontecendo. Eu começo a rir desesperadamente. Talvez seja o sinal... E é... E mesmo sabendo que você tinha saído de minha vida de uma vez por todas, eu posso rir e sentir uma estranha felicidade novamente...

Fim.

Por Luis.