sábado, 18 de abril de 2009

Em Obscuridade


Como sinto falta da luz. Alguém aqui viu a luz? Será que alguém conhece seus dons? Acho que a luz se extinguiu pra todos... Assim como está se extinguindo pra mim. E por mais que eu queira negar, eu sei que pouco a pouco ela está partindo, levando consigo sua materialidade e coexistência.



Mais uma vez, a teia da ignorância me fisga. Vejo de novo suas falhas, suas aberturas. E então o erro fatal esbarra em mim de novo, me fazendo entrar naquela sala empoeirada que a muito não entro. Como queria esquecer... Como queria iluminação para esquecer. E enquanto caminho suavemente para seu interior, meus pensamentos me lembram coisas que não queria lembrar, calando meu interior e deixando meus sentimentos me guiarem.


Novamente, sinto-me bem vindo ao mundo cinza; ele já fazia parte de minha jornada. E é nesse cômodo esquecido por Deus que lamento tudo o que vejo e sinto. Minha ignorância cobriu minha visão, obscureceu a luz. E assim eu a feri... E assim eu a afastei de mim. Não percebi que estava sendo forçado pelos impulsos caóticos da ilusão.


E na teia, fui tocado pela loucura, voltando assim a um estado que a muito não estive. E dentro desse quarto, tudo se tornou incerto e a clareza de minha visão passou a me enganar. Queria me enganar e me retirar do estado carnal para não presenciar aquilo... Para não sentir a dor que esse quarto causa. Mas eu não consegui... Será que eu estava sendo punido? De fato, esperava que sim.


Não queria mais entender que estava acontecendo – meu corpo sangrava. Queria ser corrompido e punido, pois na teia vi a maior das verdades. Era sublime e terrível. Multiforme, mas que podia ser definido com total clareza em minha mente. E diante dessas revelações, silencie-me e coloquei-me a observar; era tudo que podia fazer.



Corrompido pela ilusão, ali naquele maldito cômodo eu morri calado. Somente a observar com os olhos em obscuridade. Meu corpo inerte não mais se importava com as flagelações; era o necessário. Minha mente se nomeava errante e condenava meu espírito por meu pasado. Porém, de minha suplício subliminar, veio o perdão divino...


Nesse momento, me reconforto nos cantos de minha própria mente. Pois dentro deste quarto, agora coberto por um tapete vermelho coagulado, eu sinto o calor de outrora me invadir, aquecendo assim meu corpo; antes frio e levemente mórbido. E durante esses segundos de ascensão, eu consigo finalmente sentir a luz me invadir e iluminar meu ser, trazendo sua materialidade e coexistência à mim por mais uma vez.



Fim






Por Luis