Ela se movia com tanta leveza, a suavidade de seus passos, suas articulações, o balançar dos dourados fios, tudo era executado tão majestosamente... E acompanhei-a com os olhos até onde ela se sentou, encobriu o rosto com as mãos pálidas, trêmulas, e num suspiro colocou-se a chorar... Eu nada podia dizer sobre ela, apenas que aquela sua tristeza, desespero, e sei lá mais o quê... Aos poucos me contagiava, e aos poucos inspirava-me imenso fascínio...
Não hesitei em me aproximar... E constatei que sua beleza, era ainda maior e mais estonteante de perto. Ela tinha luz própria. Era quente e viva... Tentei controlar-me, mas meu anseio em tocá-la, devorou minha capacidade de controle.E foi então que não a senti... Vi meus dedos penetrarem a sua pele, alva como neve, sem nenhuma consistência. Era como se não existisse. Eu não conseguia tocá-la...
Eu podia vê-la e tinha a sua presença. Podia ouvir os seus lamentos e choros. Eu sentia o seu calor. A sua luz me iluminava... Os seus sentimentos me contagiavam... E eu sofro... Sofro por desejar mais do que isso... Sofro pelo anseio em provar tua carne... Por desejar passar por tuas formas perfeitas... Tocar a tua pele... Por isso eu sofro.
Sofro pois nem sequer coexistimos. Fazemos parte de mundos paralelos. E então, vejo-me obrigado a voltar a gritar. Devolto à minha eterna loucura... Loucura de várias outras que já estiveram por aqui, e se foram. Agora mais insanável do que antes por tê-la tão perto... Mas ao mesmo tempo, tão distante...
Fim...
Por Sérgio.
Talvez essa seja uma das maiores tristezas da existencia,desejar algo e nao poder,de maneira alguma,ter.Nao por falta de esforços,e,simplesmente por ironia da vida!
ResponderExcluirBom... esse texto tem uma coisa que é bem envolvente e faz sentir essa ansiedade da personagem incapaz. É uma situação bastante fictícia, porém pode-se fácilmente identificar-se com ela. É, de fato, um texto muito bem trabalhado. Tem algumas partes ainda meio inconsistentes, meio fora do contexto, mas, no geral, está ótimo. Parabéns!
ResponderExcluirBom, não quer dizer que eu seja um dos donos do blog que eu não posso comentar!
ResponderExcluirCara, seu texto é, literalmente, uma das coisas mais revoltantes que li. Me provoca uma certa revolta em ver duas realidades tão juntas mais ao mesmo tempo tão distântes. Uma bela antítese. Quanto a escrita, muito bem escrito. Simplesmente uma das melhores coisas que já li.
Parabéns. ^^
Esse texto me lembra uma pessoa egoísta e caótica... Eu.
ResponderExcluirMuito interessante, eu pensava que não encontraria nunca alguem atormentado por "coisas que você não pode tocar". Transmite uma mensagem interessante. Mas o que acontece depois?? Você se mergulha em insanidade e fim?? Pois esse é um fim muito cruel e não quero acabar assim.
Pensem na possibilidade de ela não ser exatamente a alucinação... Mas ele!
ResponderExcluirmto foda vei...adorei esse texto...parabens Sérgio...
ResponderExcluiré meio misterioso...pq no fim nao se sabe exatamente o que é ele e o que é ela...o que ela representa? uma lembrança? alguem que ele perdeu... alguem que ele nunca conheceu? ou o que é ele? um espírito? Gostei desse misterio...mas fiquei curiosa de saber o que voce pensou antes de escrever..hehehe
ResponderExcluirLud! Adoro quando você lê meus textos moça.
ResponderExcluirFico muitíssimo feliz que tinha gostado do mistério. Realmente, foi com essa intensão, de não deixar as coisas claras, e sim confusas. O texto parece uma coisa, quando na verdade, é justamente o contrário.
Olha mostrar algo de uma lado,que talvez possam ser irreais leva por um lado algum sentimento frio e meio descontrolado de solidão,isso acaba forçando-o a ter um fim trágico.Agora eu também queria saber o que passava na tua cabeça para escvever esse texto.haushaus.
ResponderExcluirMais gostei muito desse,ótimo seus textos estão cada vez melhor.
É.. é gostar do que faz e ter uma mente focada por inteiro naquilo, pois é só assim que são criados textos bons, digo.. ótimos, como esse!
ResponderExcluirO texto é demais.. envolvente e encantador.
adorei. ^^